As previsões para 2010 situam o desemprego médio dos 27 Estados da União Europeia em 10% dos ocupados, uma cifra que no Estado espanhol chegaria a 20%, atingindo a 4,5 milhões de pessoas. A diferenza explíca-se polo facto de em o Estado espanhol padecerem-se ao mesmo tempo uma crise inscrita na financeira e económica global, que nos paises mais industrializados fixo crescer o desemprego até porcentagens situados entre 9% e 11% e outra mui específica que determina um desemprego suplementar de 10%, devida basicamente à caida do sector da construção depois de anos de uma consentida e culpável especulação imobiliaria. Dizia-se que aqui se criava tanto emprego como no resto da UE.
Sendo isto assim, quando se resolver a crise global a economia espanhola ainda teria que eliminar o problema de cómo mínimo a metade dos 4,5 milhões de desempregados previstos para o ano próximo. Um assunto este de difícil solução, senão irresolúvel, dado que o sector da construção não pode nem deve recuperar a ocupação anterior e a enormidade de empregos precários que se perderam não está formada por trabalhadores que possam adquirir em massa a qualificação profissional necessária para se inserírem na economia do conhecimento ou tecnológica que se diz pretender como alternativa. A questão agrava-se polo facto de uma parte relevante dos desempregados estar composta por imigrantes que, tendo legitimamente a vontade e a intenção de permanecer na Península, podem ver as suas condições de vida progressivamente deterioradas.
Contra opiniões interessadas que circulam -não é possível que sejam ingénuas-, a superação da crise espanhola não se produzirá, pois, em quanto desaparecerem as causas imediatas da crise global.
O problema é que a tarefa de transformar o sistema económico precisa de uma análise e de programas polítícos e económicos que nem foram considerados polo Governo do Estado, nem formam parte da atenção mediática, absorvida por assuntos máis substanciosos referentes a caças, aeroplanos, roupas ou anchovas. De serem formulados, como é necessário, esses programas não podem ter que ver com as primitivas propostas neoliberais sobre o abaratamento do despedimento, a diminuição das cotações sociais ou a redução dos salarios, que receita o Presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais Gerardo Diaz Ferrán. Tampouco com as propostas de conspícuos dirigentes financeiros como o Presidente do Banco Central Europeo, Jean Claude Trichet, feitas quando esteve em Madrid convidado polo Presidente do BBVA, nen com as proclamadas repetidamente polo Governador do Banco de España Miguel Angel Fernández Ordoñez ou as recentes de José Manuel González-Páramo, membro da Comissão Ejecutiva do BCE, que falam sobre a crise com a linguagem dos agitadores da CEOE. Nem siquer têm em conta que ali onde se praticam as suas doutrinas, ponhamos por caso em EEUU onde o despedimento é livre e nulas as indemnizações, o desemprego se situa neste momento em 9,5%, sendo superior ao 8,7% da UE e não digamos ao de paises europeus como Holanda ou Áustria com 3,2% e 4,3%.
Entretanto, de costas viradas à realidade, o Presidente do Governo central opina que “Espanha sairá da crise ao mesmo tempo que os paises da União Européia” e o Presidente do PP propõe uma morea de achados: a descida de impostos, uma reforma laboral ainda que for sem consenso, a reforma da educação e muita austeridade.
Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004.